A Netflix estreou no dia 7 de maio desde ano (2021) a primeira temporada de O Legado de Júpiter, adaptação da HQ de mesmo nome escrito por Mark Millar (Reino do Amanhã, Guerra Civil). A série segue no gênero de super-heróis com uma abordagem mais adulta no viés de desconstrução do símbolo do herói perfeito, bem como faz The Boys e Invincible (ambos da Amazon).
Roteiro
A primeira temporada possui oito episódios que contam o momento em que uma nova geração de super-heróis começa a entrar em conflito ideológico com os heróis já estabelecidos e conceituados por aquele universo, representados principalmente pelo Utópico e Lady Liberdade.
O plot da série, e esse conflito de discursos que é iniciado, são os pontos mais altos; enquanto Utópico tenta manter um código de não matar seus inimigos e nem intervir nas decisões políticas dos países, as novas gerações já pensam o contrário. O problema é que nada disso é essencialmente desenvolvido, e as bandeiras de cada um dos lados não tomam corpo ao decorrer dos episódios que são extremamente lentos e arrastados.
Para se ter ideia, o arco de história nas HQs tem por completo dois livros, a série adapta cerca de metade do primeira, quiçá nem mesmo isso.
Isso se deve também ao excesso de flashbacks (ala Arrow) que mostram a maneira como os protagonistas conquistaram seus poderes, que é tedioso e trava todo o desenrolar da série. Nesse aspecto, a filha de Utópico, Chloe que é muito bem interpretada por Leslie Bibb, acaba também contribui para a lentidão de 'O Legado de Júpiter', pois, na tentativa de dar mais profundida aos dilemas da personagem, seu tempo de tela é vazio, na maior parte clichê e irrelevantes para a trama. Não bastante, Brandon, também filho de Utópico, além de ter um desenvolvimento pobre, não possui carisma e dificilmente terá a simpatia do público.
Bem poucas coisas são rosas
Outro ponto que deixa muito a desejar é nível de CGI e a coreografia das lutas, chega a ser covardia comparar com séries contemporâneas como The Boys e Falcão e Soldado Invernal. É muito fraco, a impressão que passa na realidade é a de que faltou recursos financeiros para fazer um cenário e efeitos visuais correspondentes com aquilo que se espera de uma série da Netflix.
Salvo a ambientação dos flashbacks, a maioria dos cenários são pobre em detalhes, o combate não é nem um pouco convincente e até mesmo o voo dos heróis em alguns momentos apresenta estranhezas. A própria maquiagem dos protagonista por vezes é incomoda, o envelhecimento facial dos atores é pouco convincente mesmo sendo um ponto mais fácil de relevar.
Os uniformes dos heróis são bem bonitos e possuem bastantes detalhes que até despertam a curiosidade, entretanto o visual do vilão fica na média, sem grandes considerações.
Considerações Finais
'O Legado de Júpiter' falha em muitos aspectos em ser "A Série da Netflix de Super-Heróis" e, apesar de um ótimo plot, a ideia de Mark Millar que funciona tão bem nas HQs não consegue ser transportada para o streaming, resultando em oito episódios arrastados, sendo alguns deles sem função para a trama e com excessos de flashbacks que retardam ainda mais o avanço da construção narrativa.