Disney revela novo trailer de Percy Jackson e os Olimpianos 

Netflix apresenta "DNA do Crime", série brasileira de maior orçamento do streaming 

Segunda temporada de "What If...?" chega no final deste ano

Série estrei em dezembro pelo Disney Plus

Série chega ao catálogo da Netflix no dia 14 de novembro 

Estreia é confirmada após quase um ano de atraso

Série será a primeira +18 da Marvel

Demolidor e Rei do Crime são destaques no primeiro trailer de "Eco"

Nova série do Prime Video chega ao fim depois de oito episódios 

Opinião | "Gen V" peca na originalidade, mas fecha primeira temporada com saldo positivo 

O Brasil é um país com extensão continental que abriga diversas histórias, particularidades, lendas e mitos. Apesar disso, toda essa riqueza carece de publicidade, pois, por mais que hajam produções audiovisuais a respeito, faltam janelas de exibição. Felizmente, Cangaço Novo é uma série que consegue juntar ambas as qualidades. Ao mesmo tempo que explora o Brasil profundo, no interior do Ceará, obteve uma ótima janela de exibição pela Amazon Prime Video, basta agora o interesse do próprio público em celebrar a cultura brasileira. E logo de antemão, vale dizer que essa é uma das melhores séries do ano.

Cangaço Novo - Temporada 1 | 1° Trailer Oficial | Prime Video

Diferente de Cidade Invisível, que explora elementos tipicamente nacionais, mas se entrega a uma narrativa hollywoodiana, a série de Aly Muritiba e Fábio Mendonça é original em si. Começa pé no chão, com uma apresentação muito contundente de seus personagens e motivações, na qual o destaque é para Dinorah (Alice Carvalho), que encanta em todas as escalas possíveis. Aos poucos e com muita naturalidade, a história vai ficando cada vez mais densa e impactante. Quando se vê, o espectador se importante com todos em cena.

No roteiro, acompanhamos Ubaldo (Allan Souza Lima), que descobre ter uma herança de terras no Ceará, e vai até o local manifestar o dinheiro das terras para financiar os custos hospitalares de seu pai adotivo, que está internado em São Paulo. Chegando lá, porém, ele descobre ter duas irmãs (Dinhorah e Dilvânia; interpretada por Thainá Duarte), e ser descendente de uma linhagem de cangaceiros. 

Um dos maiores méritos de roteiro, no entanto, é não cair na superficialidade de arquétipos, repetidamente utilizados em Hollywood. No caso de Cangaço Novo, não há heróis ou vilões. A linha que, eventualmente, separaria os dois, é extremamente tênue, difícil de ser identificada com clareza, e mesmo os protagonistas podem caminhar pelos dois lados dependendo das circunstância. São todos demasiadamente humanos.

A morte é algo que paira sobre a cabeça de todos os personagens e, conforme o espectador ganha a simpatia desses “demasiadamente humanos”, os assaltos a bancos e troca de tiros são acompanhados da angustia de, eventualmente, não poder mais ver um membro querido daquele grupo. 

Obviamente que, nesse sentido, a séria discute temas atuais, não só do Brasil, mas do mundo. Nos últimos episódios, elementos da política se mesclam com o cotidiano dos cangaceiros que se dá por meio de uma campanha eleitoral para a prefeitura da cidade, em uma dicotomia com prefeito, que tenta a reeleição, e a oposição, apoiada pelo cangaço. Vale lembrar que aqui o cangaço não é nem bom nem ruim, ele é resultado e agente influenciador de uma realidade complexa, em que forças disputam pelo poder e pela sobrevivência. 

Assim, nem governo nem oposição é santo ou demônio, é uma disputa pelo menos pior. Os ídolos são todos desnudos, e os únicos a escaparem da hipocrisia, de certa forma, é o cangaço, que assume a escolha de serem quem são. 

Nesse ponto, a série trabalha muito bem a violência como um elemento de natureza cíclica - fulano estupra a filha de ciclano. Ciclano vai lá e mata o fulano por vingança. Os amigos de fulano descobrem que foi ciclano quem matou o fulano. Eles vão lá e matam toda a família do ciclano. Até não restar ninguém. Basicamente, essa é uma das fórmulas que faz o roteiro girar. A violência e a repressão, em todas as suas manifestação, são características do meio em que esses personagens estão inseridos, que faz parte de um sistema tão complexo que é difícil de ser quebrado. 

Como sustentação dessa atmosfera que veste a série, os atores transbordam vida em suas interpretação. Está tudo ali é genuíno, o elenco é aquele mundo, eles se transformam na dramaturgia da série. Na fala, nas brincadeiras, na dor, no luto. É visceral e contagiante. 

Por sua vez, o grande destaque desse elenco é sem sombra de dúvida Alice Carvalho, que dá vida a Dinorah, uma das irmãs de Ubaldo. Ela simplesmente rouba as cenas, e possui uma das passagens mais incríveis da série quando, em uma alucinação, conversa com cangaceiros já falecidos, inclusive Lampião e Maria Bonita. 

Sobre tiro, porrada e bomba, é muito bem equilibrado e as cenas são realmente excelentes. Para amantes de filmes de faroeste, inclusive, com pessoas entre rochas atirando um nos outros, o último episódio possui um desses conflitos nostálgicos, logicamente que guardadas as proporções.  

Vale ressaltar ainda o show à parte que é a trilha sonora, que exalta o melhor da cultura brasileira e vai ao encontro das circunstâncias de cada momento da série e aquilo que ela quer transmitir, com nome como Jards Macalé, Erasmo Carlos, Maria Bethânia, e assim por diante. 

Cangaço Novo assume as contradições humanas, se livra dos arquétipos convencionais e mergulha na complexidade de personagens demasiadamente humanos. Explorando o Brasil profundo e seus dilemas, a série transcende a superficialidade das cenas de ação e discursa sobre problemáticas nacionais e contemporâneas, partindo do cangaço que, por sua vez, é um resultado social ao mesmo tempo que se torna um agente da sociedade. Tal qual esse paradoxo, assim é a série de Aly Muritiba e Fabio Mendonça, que possui muito a dizer ao mundo. 

Cangaço Novo - Para Além do Sertão | Prime Video

Série brasileira é original, visceral e contagiante 

A terceira temporada de The Witcher chegou ao fim. Dividida em duas partes, encerra-se o ciclo de Henry Cavill à frente do papel do bruxo Geralt de Rivia. Desde sua estreia em 2019, The Witcher tem sido uma grande aposta da Netflix, mas a decepção dos fãs após a segunda temporada e a despedida de Cavill tem afastado alguns espectadores e, infelizmente, talvez essa terceira parte não tenha sido suficientemente boa e reconciliatória para que a franquia possa conquistar boas expectativas ao seu entorno.   

The Witcher: Temporada 3 | Trailer oficial | Netflix

Não é possível assistir à série sem esperar alguma despedida ou alguma cena pensada para homenagear Cavill. Afinal, por mais que esteja saindo aparentemente por discordâncias com os rumos criativos que a produção estava tomando, ele é um grande fã de The Witcher, conhecedor do universo e excelente Geralt, merecendo uma despedida à altura. No entanto, nada disso acontece. Tudo termina como se logo fossemos vê-lo novamente. 

Por óbvio, isso não impacta a obra em si, mas impacta a experiência. O Lobo Branco, desde o começo da série que sempre foi permeada de problemas, poderia ainda se escorar em Cavill. Não poderá mais.

Apesar do descaso com Cavill, a terceira temporada traz muitas melhorias, que vão desde CGI até a relação Cirilla, Yennefer e Geralt que está muito madura. As partes em que estão somente o par romântico, é quando os diálogos são mais assertivos e Cavill e Anya Charlota tomam a cena para si e criam uma atmosfera própria. Em outros momentos, porém, o texto ainda é fraco quando precisa criar emoção, cometendo alguns deslizes.   

O segundo volume, com os três episódios finais, ao contrário com o que acontece com o primeiro, é extremamente arrastado. Algo que poderia ser resolvido em dois episódios ganha um de brinde com certas repetições de discursos desnecessários com Cirilla perdida no deserto tendo alucinações e Geralt de cama machucado. Enquanto isso, Yennefer fica para lá e para cá juntando o que sobrou das feiticeiras. 

Mesmo assim, a série possui cenas lindas de ação, sobretudo de lutas com Geralt. As coreografias são impecáveis e logo no primeiro episódio há certas referências aos jogos. Além disso, as questões políticas são bem exploradas entre a Redânia e Nilfgaard, algo pouco mostrado anteriormente. 

Uma vez que a série já tem seus personagens bem apresentados, como as feiticeiras e os reinos, salvo quando quis criar vilões e matar bruxos gratuitamente, ela está sabendo fazer um bom trabalho dentro das suas limitações criativas e de produção. É nítido a melhora em relação a primeira e segunda temporada, mesmo que siga abaixo do que poderia ser. 

A terceira temporada de The Witcher marca a despedida de Cavill sem reconhecer os méritos do ator que de maneira intensa viveu o personagem. Ainda tendo que lidar com os problemas criativos que causou na segunda temporada, a série tenta se reconciliar, mas talvez seja tarde demais. Ademais, há melhoras de produção e roteiro, mas não sendo suficiente para fazer dessa temporada um fenômeno, pois ainda tropeça em episódios mornos. Fica, assim, a incerteza do que será o futuro.  

Temporada marca despedida de Cavill, e talvez seja a melhor coisa que ele faça

Análise | The Witcher - Terceira Temporada 

Depois de Os Vingadores Ultimato, duas coisas fazem muita falta no universo Marvel, a presença do Homem de Ferro e os filmes do Capitão América. O segundo filme do personagem, com o Soldado Invernal, inaugurou um ambiente de espionagem e conspiração, coroada com a espiã Viúva Negra, que se esperava ver de maneira mais ampliada em Invasão Secreta, disponível no Disney Plus. E de fato, o primeiro episódio, cria essa ambientação. No entanto, aos poucos, a produção perde a mão e cai na familiaridade dos filmes de heróis.

Invasão Secreta | Trailer Oficial Dublado | Disney+

A série apresenta, até que de forma expositiva, mas funcional, um clima de “invasão” silenciosa do skrulls logo nos primeiros minutos. Mas na altura do quarto episódio, tudo é previsível e dali nenhuma surpresa sai. Não há uma revelação poderosa, um personagem que ninguém esperava que se revelasse um skrull, um plano inteligente do Nick Fury (Samuel L. Jackson) para sobrepujar o Gravik (Kingsley Ben-Adir). Nada. Na realidade, os dois últimos episódios, com pouco mais de 30 minutos, parecem que terminam sem terem começado. A sensação é que precisavam encerrar logo a série, chegar ao clímax e pronto. Agora podemos estrear The Marvels nos cinemas.    

As mortes que acontecem na série, que poderiam ser impactantes, ao final não passam de um desleixo. A Maria Hill (Cobie Smulders), que já havia servido bem para dar mais uma camada dramática ao Fury, é esquecida como se nunca fizesse parte daquele universo. Talos (Ben Mendelsohn) é subutilizado e toda a construção de personagem em volta do Gravik é perdida na necessidade de mostrar que ele era um vilão tirano que estava perdendo a cabeça. 

Apesar disso, desse degringolar em dois episódios, a julgar pelo todo, a série tem o mérito de fisgar a atenção nos episódios iniciais. É uma pena que o melhor episódio seja o primeiro. Assim como WandaVision, Invasão Secreta prepara um terreno que depois não consegue gerir. 

A ideia da Colheita, com os DNAs dos Vingadores, está ali sem sentido. As motivação de cada personagem estavam bem delimitadas e mais importante, eram coerentes com tudo o que havia sido apresentado. Colocar este plus, foi um gancho única e exclusivamente para adicionar uns socos de Hulk e rachadas de poder ao estilo Capitã Marvel no final. 

Na tempestade, outro náufrago. A condução da comitiva norte-americana na Rússia também é lastimável. Após o presidente dos EUA ser ferido no quarto episódio, o Fury leva ele em um hospital qualquer e um lugar qualquer, totalmente posto ao léu. Enfim, faltaram ideias para a casa das ideias, e um pouco mais de zelo na direção em delimitar os espaços e ser coerente com as peças no tabuleiro. 

Neste ínterim, porém, ainda há coisas boas. Não há cenas pós créditos, uma participação de herói gratuita, nada disso. Ele se contenta com seus personagens que, por sinal, são todos muito bem interpretados. Olivia Colman, como Sonia Falsworth, enfaticamente, é um show à parte e rouba todas as cenas em que aparece. Poderia ter muito mais tempo de tela. 

Os desdobramentos da série também são interessantes. Fury e G'iah (Emilia Clarke) derrotam Gravik, mas coloca outro problema no lugar, que é o ódio humano aos skrulls. Pode ser algo bacana de ser trabalhado? Pode. A Marvel vai saber trabalhar? É legal e importante que o estúdio traga temas sociais para um espaço de puro entretenimento, para falar de temas como xenofobia, algo que é tão caro e delicado hoje. Isso é um mérito. Mas ela ainda não soube colocar o dedo na ferida nem conseguiu falar com tanta sensibilidade como quando tratou de luto em WandaVision.  

Invasão Secreta tem um dos melhores inícios de série do MCU e sabor nostálgico por lembrar os filmes do Capitão América. Entretanto, infelizmente se perde ao desenvolver seu roteiro ao cair na mesmice de um produto qualquer de herói, somado aos desleixos de direção. Ainda assim, mesmo com reviravoltas fracas e resoluções que mais parecem rascunhos, a série tem o mérito de um elenco ótimo e consequências para o universo Marvel que, se bem trabalhadas, podem render boas histórias para o futuro. Cabe saber, no entanto, quando a Marvel vai parar de criar expectativas e de fato narrar uma história com um final nela mesmo.  

Série tem um dos melhores começos de temporada, mas cai na mesmice da Marvel 

Os seis episódios de Cavaleiro da Lua já estão todos disponíveis no Disney Plus, dando início à sequência de séries da Marvel para o ano de 2022. A produção traz a atuação atuação Oscar Isaac como o protagonista Marc Spector, May Calamawy e Ethan Hawke. Moonknight chega com uma temática aparentemente nova, decorada com elementos da mitologia egípcia, com a direção de Mohamed Diab. 

Cavaleiro da Lua | Marvel Studios | Trailer Oficial Dublado | Disney+

A história consiste na seguinte premissa: Arthur Harrow (Ethan Hawke) é um fiel servo da antiga deusa egípcia Ammit, a qual ele e seus seguidores querem libertar para "purificar" a humanidade eliminando todos aqueles que ela julgue indignos. Do outro lado temos Marc Spector, avatar do deus Khonshu, mas que sofre de múltiplas personalidades. 

Vamos lá... o primeiro episódio é bom. Ele parece tentar criar um ambiente mais sombrio que as demais produções da Marvel, trazendo umas pitadas de suspense intrigantes quanto aos problemas de personalidade de Marc, somado à mitologia egípcia tão rica e particular. Porém, tudo isso se perde a partir do segundo episódio. 

As soluções narrativas são muito fracas. Lembram-se lá em 2019, o filme da Capitã Marvel, que mais parecia um spin-off que ligaria Guerra Infinita com Ultimato, entregando um filme aquém de mediano? Cavaleiro da Lua parece exatamente um spin-off, mas diferente de Capitã, não liga nada a ninguém. 

Os dilemas que a Marvel poderia explorar, as camadas psicológicas que poderiam ser aprofundadas dada as características do personagem, eram vastas. E não bastasse, já estava tudo escrito desde 2016 por Jeff Lemire.

Talvez, por uma decisão executiva, optaram por não deixar tão complexa a história, e até mesmo com algumas nuances de terror. Sem problemas. As mídias precisam se adaptar e conversar com o grande público, entretanto nem um bom refúgio de entretenimento e diversão foi entregue. 

As cenas de ação são fracas, as resoluções de roteiro desafiam assustadoramente a inteligência do espectador, descreditando todo o arco de redenção do próprio protagonista. 

O que ajuda, de fato, é a atuação de Oscar Isaac; que é brilhante. Ele transforma água em vinho (de Steven para Marc), de uma maneira surpreendente. E está muito bem acompanhado de May Calamawy como Layla, apesar do roteiro não suportar de forma eficaz o tempo de tela ideal para o desenvolvimento do par romântico.

Se tem um ponto muito forte que também prejudica a série é a adaptação dos Deuses. O descuidado com a mitologia egípcia, a maneira como tudo vira um teatro amador quando todos os Deus se reúnem para discutir as questões que estavam postas em jogo, bem como nas batalhas do episódio seis, soa inacreditável. 

Façam uma comparação simples, não precisamos sair do MCU para saber que poderiam sim, ter feito algo melhor. A constituição da adaptação da mitologia nórdica, no universo de Thor, é um grande mérito. Agora, não existem comparações, na própria Marvel, com o descuidado ao abordar uma mitologia como o que foi feito em Cavaleiro da Lua.

Fato é que a Marvel está com dificuldades de apresentar novos personagens desde Ultimato. Eternos (2021) não é um mal filme, mas assim como Moonknight, é medroso, e não se aprofunda nas temáticas mais poderosas com medo de não atingir o grande público. Mas, se esquecem que, não se aprofundar nas temáticas relevantes, é tornar os próprios personagens irrelevantes. Capitão América é o que é pois exploram seus ideais, Homem de Ferro é o que é porque falaram de alcoolismo sem medo, e, ao mesmo tempo, seus dilemas e heroísmo.

O mais trágico é ver ótimos atores inseridos nesse contexto.    

Cavaleiro da Lua é muito provavelmente o maior descaso da Marvel quanto a um de seus personagens. Não só personagens, mas criação de um micro universo dentro das relações já estabelecidas do MCU. Tomara que essa série sirva de aviso aos fãs e sobretudo para a empresa, que a fórmula precisa de revisão, e que a novidade pela novidade sem conteúdo não é o bastante.    

Moonknight é de longe a série mais problemática do MCU

Análise | Cavaleiro da Lua - Primeira Temporada 

Disponível na HBO Max, "Pacificador" é mais um projeto encabeçado por James Gunn para a DC, depois do sucesso de crítica de "O Esquadrão Suicida". Contendo oito episódios e um personagem principal ainda pouco conhecido do público geral, Gunn conta com o astro John Cena para interpretar o anti-herói. 

Pacificador | Trailer Oficial #2 | HBO Max

"Pacificador" segue uma linha cronológica direta que dá continuidade aos acontecidos de "O Esquadrão Suicida". Fica evidente que James Gunn trabalha com a mão livre, com total liberdade, e apesar de trazer fatos do seu filme para a série, ele não essencializa o longa para entendimento da obra. 

A estória gira em torno de uma invasão alienígena, chamados de "Borboletas", que querem utilizar da Terra como nova casa. E, na verdade, Gunn nem se preocupa muito com isso, seu interesse está em explorar a dinâmica do grupo, a psique do Pacificador, a maneira como ele interage com o mundo e, por fim, discursar sobre assuntos da sociedade atual. 

Um exemplo disso é o Pai do Pacificador, um supremacista branco, que vai penetrar na mente do anti-herói e mexer com seus códigos morais. 

Na realidade, muito da série gira e recai sobre os códigos morais do Pacificador, que vai ter, ao longo desses oito episódios, que revisitar suas ideias, seu passado, seu entendimento de si, e fazer novas escolhas. Quase como uma análise psicanalítica. 

Além desses nuances, Gunn ainda explora assuntos como racismo, liberdade de expressão, machismo, negação científica, grupos supremacistas e daí por diante. Nessa sopa de temas o recurso mais utilizado, e de forma muito assídua, é o ridículo. Essa característica vai sondar toda a obra do diretor; e logo de cara ele deixa isso claro, a julgar pela abertura da série.

Entende-se aqui o ridículo como parte do discurso da série e maneira pela qual ela se desenvolve. Nesse ponto, o ridículo não tem por objetivo ridicularizar a própria obra, e sim os temas das quais a série se propõem em discutir. É como se Gunn dissesse ao espectador: "Olha que ridículo, estamos em pleno século XXI e ainda existe racismo, negacionismo científico, machismo e assim por diante...". É uma maneira também de ridicularizar a extrema-direita que milita em dizer que a liberdade de expressão - do que eles não sabem distinguir crime e liberdade - está sendo destruída. Nesse ponto, James Gunn é genial.   

A série em si, nos dois primeiros episódios, demora para engatilhar. Depois que ela cria forma, é tudo muito natural. Por vezes, uma resolução de roteiro ou outra é pouco convincente, mas esse ar de ridículo ajuda na aceitação. As cenas de ação são boas, mas as do último episódio se destacam de forma singular. 

James Gunn aposta muito na química de seus personagens; tanto para criar empatia com o espectador, quanto para criar momentos cômicos. Esse é outro aspecto muito assertivo. Sem dúvida, o Pacificador não é (ou pelo menos não era), um personagem de grande apelo ao público, mas que, partindo do desenvolvimento dado na série, ele pode alçar novas expectativas.

Uma surpresa agradável é o personagem Vigilante; também desconhecido do público. Gunn toma a liberdade de repaginar o herói, mudando suas motivações e história quanto suas origens nas HQs. Ele acaba recebendo várias posições narrativas ao longo da série, tanto de alívio cômico mais intenso que os demais, porém e, felizmente, contribuindo ativamente para o desenrolar dos episódios. Muito facilmente é associada sua imagem ao Deadpool, e de fato existem relações, mas que, no Vigilante, a originalidade não se perde. 

Demais coadjuvantes como Emilia Harcourt, Adebayo e Economos, que integram a equipe de maneira mais íntima, funcionam muito bem. Existe uma preocupação levada a esmo em desenvolver o todo do time quase como uma família, individualmente e, sobretudo, por pares. Com o Pacificador isso acontece sem exceções.    

Cada um dos personagens possuí um peso dramático muito particular da qual também são utilizados para falar de questões sociais. Harcourt para falar, pelo menos no começo da série, sobre machismo, Adebayo discorre, sem militar, sobre homossexualidade e até mesmo o Economos, que por vezes pode parecer só o cara de TI, mas que ao final fala sobre aceitação de si perante os preconceitos da sociedade. 

Obviamente que nesses ponto o Pacificador é a figura central e concentra o tema mais desenvolvido em paralelo com seu pai e, por consequente, consigo mesmo e os demais integrantes do grupo.  

A DC, cada vez mais, começa a apresentar um universo muito próprio e um desenvolvimento de seus personagens que distingue do que a Marvel fez e tem feito. Com adaptações originais, enfáticas e de muitas camadas, ela não se limita ao simples entretenimento e condução que surfa na catarse e puro expectativismo. "Pacificador", assim como "Coringa" (2019) e "O Esquadrão Suicida" (2021), mostra como a assinatura do diretor pode contribuir para novas interpretações e enriquecimento do gênero de herói, trazendo temais atuais e de importância social. 

"Pacificador" não se limita ao puro entreter, e discursa sobre temas delicados e atuais da sociedade 

Análise | Pacificador - Primeira Temporada

Gavião Arqueiro, a última série do MCU em 2021, chega na íntegra no Disney Plus. Estrelado pelo veterano da Marvel Studios, Jeremy Renner, e a novata Hailee Steinfeld, a série conta com seis episódios que vai variar entre quarenta minutos e uma hora cada, inspirando-se na aclamada HQ escrita por Matt Friction.

Gavião Arqueiro | Marvel Studios | Trailer Oficial Dublado | Disney+

Clint Burton está cansado da vida de herói, quer passar o máximo possível de tempo com a esposa e filhos, e superar os eventos traumáticos da vida de Vingador; dentre eles a vida de Ronin e a perda de sua amada amiga Natasha Romanoff (Viúva-Negra).

Kate Bishop é uma jovem cheia de vida. Os eventos envolvendo a primeira aparição dos Vingadores em Nova York contra uma invasão alienígena marcou sua infância, principalmente por ter visto o Gavião Arqueiro em ação, que a inspirou em toda sua trajetória. 

Hawkeye junta esses dois estados de espírito diferentes num roteiro divertido, mas que se engana quem o chama de despretensioso ou que não se leva a sério. Mas vamos por partes. 

O que mais funciona em toda a série é o contraste de Clint e Kate. A química dos dois conquista logo de cara, e vai agregando elementos que o aprofunde mais e crie empatia com o espectador. 

Os dilemas que Burton está vivendo são ótimos e desenvolvido é tão bom quanto. Em paralelo, Kate percebe as preocupações de seu herói, e isso lhe afere mais humanidade e carisma. Existem cenas que são construídas com muita inteligência e que possuem um poder de impacto muito grande. Uma série em que as cenas de ação, mesmo que muito boas, não são nem de longe o que mais tem de virtuoso.

Ao mesmo tempo, Clint assume uma posição de mentor, mas que não fica pedante e nem autoritário. Na verdade, ele tenta por várias vezes afastar Kate do perigo. Ela, teimosa por sua vez, sempre volta à ação, e nessa teimosia encontramos outro ponto positivo do roteiro. Kate não soa chata ou irritante, ela tem uma vibração radiante e divertida, que em poucos minutos de tela cativa. 

Outros personagens satélites vão variar entre aqueles que são bons e outros que pecam em seu desenrolar. O primeiro grupo diz respeito a Yelena, irmã de Natasha; todos os amigos de Clint que o ajuda principalmente no último episódio, a família de Burton e da própria Kate, com destaque para Eleanor (Vera Farmiga) e, sem dúvidas, o simpático cão, Sortudo. 

O segundo grupo está associado principalmente a Eco. A personagem, ao qual o roteiro se preocupa em apresentar com um considerável tempo de tela, não convence em sua atuação. 

Hawkeye também tem muito sucesso em finalizar o arco de cada um dos protagonistas, partindo de pontos diferentes, mas chegando em um ponto mais ou menos comum. 

Clint enfrenta seus fantasmas do passado, num arco de redenção e busca por novos motivos para lutar. Kate amadurece suas perspectivas, começando a entender as difíceis escolhas que irão recair sobre ela como heroína e as consequências de seus atos. A conclusão dessas duas problemáticas resulta numa solução de clima familiar e de renovação, combinado com o Natal. Dentro do desenvolvimento isso faz muito sentido, lembrando até o final de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. 

As piadas são muito boas e estão bem distribuídas ao longo da narrativa de forma que façam sentido e não prejudiquem a experiência, muito pelo contrário. 

O vilão principal da série, que só é revelado no quinto episódio, deixa um sabor meio estranho. Wilson Fisk, O Rei do Crime, não combina com o tom que a série vinha empregando, servindo mais como um gancho para o futuro do que realmente contribui para a história. Não existe em suma um grande vilão, isso se apresenta mais na forma da Gangue do Agasalho, e, em específico para Clint, a Yelena como personificação de seu passado sombrio e de perdas. 

A temporada é recheada de ótimas cenas de ação (salvo o primeiro episódio) e flechas dos mais variados tipos. Fica faltando uma cena um pouco mais poderosa para Clint no último episódio, mas nada que prejudique o que já vinha sido feito. 

Também no que diz respeito ao Gavião, a série poderia ter se preocupado mais em trazer sua origem, explicar sua história antes da S.H.I.E.L.D; Isso não é feito, infelizmente. 

Dentro de sua proposta, Hawkeye pode ser considerada uma das melhores série da Marvel em 2021, fechando o ano em grande estilo. Kate é radiante todo instante que está em cena, e Clint se projeta como um grande personagem de uma profundida que, até então, havia sido visto sutilmente. Uma série divertida, com uma dinâmica ótima, e que cativa logo de cara. 

Gavião Arqueiro (Hawkeye) - Primeira Temporada 

Hawkeye finaliza o ano como uma das melhores série do MCU em 2021

Análise | Gavião Arqueiro - Primeira Temporada

Dirigido por Lauren Hissrich, a segunda temporada de The Witcher, entrou no catálogo da Netflix no dia 17 de dezembro, trazendo mais oito novos episódios de praticamente uma hora cada. A série conta com um protagonista de peso e já conhecido do mainstream, Henry Cavill (Geralt de Rívia), além de Freya Allan (Cirilla) e Anya Chalotra (Yennefer). 

The Witcher: Temporada 2 | Trailer Oficial | Netflix

Depois de sua primeira temporada, The Witcher tinha todos os instrumentos em suas mãos para entrar na jornada de Geralt, Yennefer e Ciri, com o importante plano de fundo das perseguições contra os elfos e a guerra dos Reinos do Norte contra Nilffigard, mas sempre tendo em vista o poderoso sangue ancestral que corre nas veias da "leoazinha de Cintra".

A série dá conta de abranger todos esses elementos. Alguns de forma empolgante, outros nem tanto. Começando com a relação entre Geralt e Ciri, que peca em provar o "paternalismo" do Lobo Branco. Ele é colocado como a figura do pai, e isso é dito por vários momentos pelos próprios personagens, entretanto, falta momentos e diálogo entre os dois que aprofundem seus laços de afeto. 

O fator "destino", ao qual o roteiro tanto se apega, não é suficiente para convencer de que seja o bastante. A ausência de uma troca mais intensa de ideias, vivência e virtudes entre os dois, torna essa relação de paternidade meramente falada e que não se sustenta.

Em contra partida, os atores estão mais maduros em seus papéis. Cavill melhora muito como Geralt; Jaskier não é mais aquele cara, por vezes chato, como na primeira temporada; Fringila ganha uma posição muito mais interessante no roteiro, e no geral, todos os personagens que já haviam sido apresentados ganham mais profundidade e destaque. 

Quanto aos novos personagens é que a série erra. Eskel é utilizado de maneira à machucar a obra original dos livros. Vesemir também está mal caracterizado. Na verdade, toda Kaer Morhen está mal caracterizada. 

Outro ponto que parece desnecessário é a inclusão inédita que a série faz ao universo de The Witcher; a antagonista Voleth Meir. Não é que seja ruim, mas é algo que criaram sem a menor necessidade e que em si, não agrega em nada ao Universo de The Witcher. 

O final também deixa a desejar. Kaer Morhen perde aquela aura de "casa/lar" para dar espaço para uma luta mal pensada, em momentos que Geralt parece indiferente com tudo que está acontecendo ao seu redor. 

A caracterização de Geralt está impecável. As cenas de ação são ótimas, principalmente quando o Lobo luta contra humanos. A série faz questão de mostrar como o protagonista está num nível de habilidade, tanto em combate quanto em conhecimento e domínio do sinais, que vai muito além de qualquer outro bruxo.

A CGI e os monstros estão infinitamente mais legais que a temporada passada. O destaque vai sobretudo para o primeiro episódio que adapta o conto "Um Grão de Veracidade", um dos melhores da franquia, em que Geralt enfrenta uma lâmia. 

Toda fotografia e ambientação é boa, mas a do primeiro episódio enche os olhos. 

Na verdade, o que mais prejudica a série, de maneiro irônica, é justamente pelo fato do primeiro episódio ser tão bom, que as expectativas se elevam para um nível que os sete episódios seguintes não são capazes de alcançar, sobretudo no que diz respeito a química dos personagens e caracterização dos novos bruxos.  

Aquilo que The Witcher preserva dos livros de Andrzej Sapkowski está muito bem posto. Aquilo que The Witcher adapta para que se encaixe melhor à linguagem da mídia televisiva, está bom. Naquilo que ele tenta mudar ou inovar, são poucos os acertos. Ainda assim, Henry Cavill brilha na interpretação do Lobo Branco e se faz poderoso todos os instantes que está em cena.

The Witcher desliza entre acertos e erros persistentes 

Análise | The Witcher - Segunda Temporada 

'What If...?' estreou seu primeiro episódio no Disney Plus no dia 11 de agosto, e de lá para cá foram mais oitos semanas, cada um com um episódio que veio encerrar as histórias que, até então, pareciam independentes umas das outras. A série animada reinventa alguns de seus heróis brincando com as infinitas possiblidades do Multiverso.

Marvel Studios' What If...? | Official Trailer | Disney+

'What If...?'. no primeiro momento, é um copilado de estórias que "brinca" com os acontecimentos da cronologia dos heróis da Marvel nos cinemas, apoiando-se nos últimos eventos de "Loki". No primeiro episódio, por exemplo, ao invés de Steve Rogers tomar o soro de super soldado e virar o Capitão América, quem toma é Peggy Carter, depois, temos T'Challa como Senhor das Estrelas, e por aí vai. 

No geral, grande parte dessas releituras são bem divertidas, além de trazerem certa nostalgia para os fãs do MCU. Destacam-se entre eles os episódios três (E Se... O Mundo Perdesse Seus Heróis Mais Poderosos?), quatro (E Se... O Doutor Estranho perdesse o seu amor e não o controle das mãos?), cinco (E Se... Zombies!?) e seis (E Se... Killmonger Tivesse Resgatado Tony Stark?). Esses são os pontos mais altos no que se refere ao desenvolvimento individual de cada universo que se apresenta. 

Entretanto, valem as ressalvas, principalmente quanto ao episódio sete (E Se... Thor Fosse Filho Único): desde o início do desenvolvimento de Thor na Marvel ele vem se tornando, cada vez mais, Dionísio que efetivamente o Deus do Trovão. Aproveitando o fato de se tratar de uma série animada, Thor está mais cartunesco e emburrecido que nunca. Em diversas vezes ele parece estar substituindo o Hulk, esmagando tudo, com o plus de ser alívio cômico.

O penúltimo episódio está repleto de cenas épicas e só não é um dos melhores devido partes do desenvolvimento de Ultron. Aqui, a série prepara terreno para o grande desfecho, que vai unir todos os heróis apresentados, quando o Vigia os selecionam para lutar contra o próprio Ultron que está em posse das Joias do Infinito. 

O desfecho da série pode vir a ser bem polêmico por alguns artifícios e desculpas de roteiro. Ultron acaba sendo favorecido com um poder cósmico e de escala, no primeiro momento, difíceis de se quantificar; ele viaja livremente pelo multiverso, destrói planetas e universos quando bem entende, e até mesmo mata o Thanos com uma facilidade que Tony Stark invejaria.

Os "Guardiões do Multiverso", como o Vigia os nomeia, são de qualquer forma uma equipe bem poderosa, ainda mais considerando a versão do Doutor Estranho, mas ainda assim não justifica o tempo de batalha que a equipe trava com essa versão de Ultron. 

A ideia da qual a Viúva Negra se apoia para encerrar a luta contra a I.A., utilizando Zola, é de fato inteligente, mas ainda assim, as incoerências de como o poder de Ultron é colocado em cada instante da série afasta o espectador de uma plena imersão.    

Somadas esses atributos de "What If...?" é muito mais gratificante apreciar a obra como algo à parte do MCU; realmente como se aquilo fosse um spin-off de uma galáxia muito, muito distante. Querer paralelizar a série com elementos do que tem sido feito até então pode ser frustrante, simplesmente por se tratar de uma série animada que tem uma liberdade muito grande em ir e vir dentro das limitações que o próprio roteiro impõem - em um instante o Ultron destrói universos, e em outro ele apanha de uma equipe recém formada.

Quem souber absorver e curtir cada episódio como único, relativizando desculpas fracas de roteiro e vendo o material como uma animação para relaxar, terá um entretenimento muito bacana em mãos. Mas, talvez, aquele fã mais assíduo, que se preocupa com os furos de roteiro e uma certa coerência no desenvolvimento das personagens, pode acabar por não gostar do desfecho do material ( e muito menos do Thor).

"What If...?" possuí uma grande capacidade de cativar o fã logo em seus primeiros episódio. A curiosidade do que será feito com cada personagem, as mudanças e novas circunstâncias, é o principal motor que instiga a vontade de ver a série, que possuí em si uma certa e boa estabilidade até o episódio seis, onde, posteriormente, se perde na tentativa de um final épico, mas sem sentido. 

'What If...?' inicia com ótimos episódios, mas desfecho pouco promissor.

A primeira temporada de 'Loki' veio ao fim depois de seus seis episódios, e com ela várias especulações do que o MCU reserva para o futuro. A série assim como WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal, está disponível no Disney Plus, e é dirigida por Kate Herron. Mas apesar de suas grandes revelações e novos importantes conceitos que a Marvel se compromete em desenvolver daqui por diante, a série não está livre de falhas.

Loki | Marvel Studios | Trailer Oficial Dublado | Disney+

'Loki' é, sem menor sombra de dúvidas, a série mais importante para o Universo Marvel até então, pois ela apresenta conceitos como a do multiverso, que pavimentará as futuras estórias dos heróis, e pelo fato de trazer importantes personagens dos Quadrinhos para as telas, como Kang, versões do Loki - como o Kid Loki - e a própria AVT.

Toda a ideia de roteiro é criativa e instaura um mistério que instiga a ânsia de acompanhar os acontecimentos, isso se deve principalmente aos dois primeiros excelentes episódios, mas infelizmente, principalmente no quarto episódio a série perde regularidade e diversas pontas ficam soltas, e em muitos momentos os personagens não condizem sistematicamente com quem são e poderes que possuem. 

Loki, O Deus da Mentira, toda vez que vai mentira para alguém, seja com uso de magia ou não, é extremamente estabanado e pouco convincente. Em momentos de combate, que ele pode se servir de seus poderes mágicos, ele se comporta aquém de suas habilidades, apanhando para guardas de um trem, sendo que no mesmo episódio ele é capaz de manipular matéria. 

Outro furo de roteiro grosseiro é no quinto episódio. Loki é podado e vai parar num limbo onde vão parar todas as coisas podadas pela AVT. Entretanto, milhares e milhares de pessoas já foram mandadas para lá, mas "só" existem versões de Loki no local. E, com a devida vênia, a luta entre Lokis é vergonhosa, e mais parece uma briga de bar de um filme de comédia. 

Deve-se atentar também ao fato de que esse Loki corresponde aquele lá de 2012, com ambições de conquistar o planeta, e não ao que foi desenvolvido depois de anos até se tornar um "herói". Mas a impressão que a série passa, é a de que estamos vendo a versão mais recente, de Vingadores: Guerra Infinita.

Em contraponto existem reflexões sobre ele que são sacadas incríveis. O romance de Loki com Sylvie, sua própria versão feminina, reflete ao narcisismo e orgulho do mesmo, como se ele fosse capaz de amar só a si. Outro ótimo personagem é Mobius, interpretado por Owen Wilson que está muito bem no papel. Aliás, todo elenco se sai muito bem em suas interpretações. 

Falta muita explicação aos elementos presentes na série, como por exemplo: Por que as joias do infinito e magia não funcionam na AVT? Como a AVT foi criada? Como Kang detinha onisciência e como fazia para gerenciar? De fato, elas podem ser explicadas na segunda temporada, já confirmada, e se espera que sejam todas respondidas.

Apesar das muitas ponderações, é inegável que todos os aspectos técnicos de Loki são exemplares. A construção de cenários principalmente, somadas a luz, são um show a parte. 

Todo o conceito estético da AVT e Lamentis -1, a construção visual das cenas do último episódio em que as variações do universo começam a surgir, e a própria abertura resgatando frases importantes e a música tema de Steve Rogers e Peggy Carter, que inclusive pode ter aparecido como Easter Egg, é de tirar o chapéu. 

Vale ressaltar inclusive que Loki tem uma das melhores trilhas sonoras dentro das obras do MCU.    

A cena de luta entre Loki e Sylvie é muito bem desenvolvida, a fotografia em que eles estão frente à frente com o fogo ao fundo, simbolizando a paixão dos dois e ao mesmo tempo o conflito de interesses, demostra a capacidade de se criar camadas mais profundas à história de forma puramente visual. 

A Primeira Temporada de Loki é uma aula em como contar uma história através de recursos técnicos, mas infelizmente peca, não por ter um mal roteiro, mas em como desenvolve-lo tendo em vista as características dos seus personagens e elementos inseridos sem devida explicação e que, por vezes, é ilógica ao todo apresentado. Cabe lembrar que Loki servirá de pilar para conceituar o Multiverso da Marvel, e pode ser a porta de entrada para os X-Men, e nessa perspectiva a emoção de fã quanto as expectativas que a série cria para o futuro das histórias, não pode se sobrepor a uma analise isolada da obra.  

Recheada de conceitos interessantes, mas atrapalhada em sua própria narrativa 

Das HQs da DC Comics à Netflix. 'Sweet Tooth' originalmente escrito pelo renomado Jeff Lemire (Condado de Essex, Gideon Falls) ganhou sua primeira temporada no dia 4 de junho contando com oito episódios. Dentre os produtores da série estão envolvidos Robert Downey Jr., vastamente lembrado por suas atuações no MCU como Tony Stark, e sua esposa, Susan Downey.

Sweet Tooth | Trailer oficial | Netflix

A série segue exatamente a mesma premissa das HQs de Lemire. A Terra foi devastada por uma pandemia causada por um vírus chamado H5-G9, e nesse meio tempo, as crianças que nasciam eram hibridas entre humanos e animais. Elas eram imunes ao Flagelo (como ficou denominada a doença), o que levanta a dúvida se eles são responsáveis ou consequência da enfermidade.  

Em meio a esse contexto a série nos apresenta o jovem Gus, um garoto meio cervo, e seu pai Richard Fox, que se esconderam numa floresta fugindo do Flagelo e de caçadores de híbridos. E é nesse ponto que a jornada do protagonista começa. 

Pra quem leu as HQs pode de cara se assustar muito com o tom da série. A HQ é extremamente densa e sombria, carrega uma história com situações bem pesadas, diferente do que a Netflix apresenta. A série possui otimismo e um tom leve na forma de abordar o contexto; a própria paleta de cores é quente, os cenários são bem bonitos e vivos, e até o figurino é mais colorido. 

Felizmente isso não é um fator problemático, pelo contrário. O cerne da HQ está presente, alguns dos diálogos do primeiro episódio são praticamente idênticos ao da primeira edição do quadrinho, e as mudanças que existem, em sua maioria, cabem muito para se fazer uma adaptação ao grande público. 

Sweet Tooth possui vários personagens e se ramifica em três núcleos com histórias que se entrelaçam. A primeira e mais importante é a Jornada de Gus, aliado inicialmente com Tommy Jepperd e mais tarde com Ursa, formando um trio extremamente cativante, divertido e com uma química muito assertiva. O segundo arco possui um tom pouco mais sombrio e está relacionado ao Doutor Singh, um médico que sobreviveu ao surto do Flagelo junto com sua esposa, que mesmo infectada pelo vírus é a única pessoa a receber um tratamento experimental contra a doença; tratamento esse que passa a ser encabeçado por seu marido. Por fim, o arco de Aimee, que após sobreviver ao surto passa a viver num zoológico e conhece Wendy, uma garota metade porco, que se torna o gatilho para o início de uma reserva que protege os híbridos. 

Todos esses três núcleos e personagens são muito legais de acompanhar, muito bem aprofundados e com ótimas motivações, e, ao final, começam a se cruzar. 

Um ponto fraco no enredo está vinculado ao General Abbott. Talvez por quererem deixar a série com um tom mais leve, o antagonista está excessivamente cartunesco. Além disso suas motivações são pouco aprofundadas, diferente dos demais. Ele poderia ter um peso dramático maior, assim como Colonel em 'Planeta dos Macacos: A Guerra', mas acaba se perdendo numa caracterização muito forçada. 

Vale ressaltar inclusive as semelhanças entre 'Planeta dos Macacos' de Matt Reeves e 'Sweet Tooth'.   

Nos dois episódios finais, a história se arrasta um pouco, e algumas resoluções de roteiro podem soar clichês, previsíveis e meio 'deus ex machina'. Conduto, o empatia com os personagens é tão grande e possuem um poder de imersão ao universo tão potente que acabam disfarçando esses pequenos furos.

Entre a ótima premissa e os personagens cativantes, analisando com olhos pouco mais atentos, pode-se identificar um universo de dinamização de mundo confusa e incoerente. 

Inicialmente os recursos parecem escassos, uma pilha pequena carregada, por exemplo, parece ter valor considerável, e em outro momento um grupo de jovens rebeldes tem um QG com games de realidade virtual e carrinho bate-bate, parecendo não se preocuparem com o fornecimento de energia e produção de alimentos. Na verdade, o que se refere ao 'Exercito Animal', que luta pelos direitos dos híbridos, é bem fraco em seu desenvolvimento.

Toda a questão de como o mundo funciona é estranha, no episódio final Aimee entra num prédio abandono já há muito tempo e simplesmente tem energia elétrica. São pequenos furos que não necessariamente atrapalham a trama mas que descredibilizam aos poucos aquele universo. Isso também acontece com a sociedade em que vive o Doutor Singh, em que nada lá é explicado. Talvez tenha existido uma preocupação tão grande por parte da série em aprofundar seus personagens individualmente, que o mundo que os cerca acabou ficando cheio de furos e lógicas incongruente.

Sem dúvidas a Sweet Tooth possui um discurso com poder emotivo muito grande relacionado a família e esperança, que acaba por ser o mais impactante e valoroso na obra, disfarçando problemas mais técnicos pontuados no roteiro. 

Outros pontos técnicos como trilha sonora, fotografia e direção de arte são bons. Figurino e cenários ficam responsáveis em trazer o ar de leveza que se distingue mais das HQs. As músicas se encaixam perfeitamente quando precisam emocionar, principalmente nos planos mais abertos que traduzem a jornada de Gus, e nos instantes em que o narrador interfere ao final de cada episódio, poetizando e apresentando contrastes nas circunstâncias de cada personagem. 

Sweet Tooth apresenta personagens incríveis e cativantes, abordando uma premissa pesada de forma leve, otimista e com discursos sobre esperança e família muito fortes dado ao atual diagnóstico de pandemia de Covid-19 que o mundo real enfrenta. Mesmo com seus furos aqui e outros ali e momentos um tanto arrastados, a série se destaca por seus aspectos positivos e pela jornada emocionante do jovem Gus.

'Sweet Tooth', adaptação da HQ de Jeff Lemire, cativa por seus personagens carismáticos e discurso poderoso 

Análise | Sweet Tooth - Primeira Temporada 

Distribuído pela Disney, WandaVision (2021) é a primeiríssima série do MCU, que se passa logo após os eventos de Vingadores Ultimato. A série dirigida por Matt Shakman possui, inicialmente, um formato Sitcom que com o passar dos nove episódios evolui para o gênero de super herói.

WandaVision se passa alguns meses após os eventos de Vingadores Ultimato, e como o próprio nome diz, leva dois protagonistas; Wanda e Visão. Com a morte de Visão em Vingadores Guerra Infinita, Wanda passa a viver um terrível luto, desamparada pelas diversas perdes que tivera em sua vida, como a morte de seus pais quando criança, seu irmão Mercúrio em Era de Ultron e seu amado cibernético. 

Nesse contexto, utilizando seus poderes místicos, Wanda cria uma realidade ilusória na cidade de Westview, onde tudo é manipulado pelos seus mais profundos desejos dentro de um formato de série Sitcom.

O roteiro é extremamente criativo, e nada é colocado em tela por coincidência, tendo seu fundamento exposto nos episódios finais. Episódios esses que possuem uma evolução muito gradual de ritmo; os primeiros episódios são lentos e cansativos, que se sustentam pelo mistério de entender o que está acontecendo. Do episódio seis em diante a série toma corpo definitivamente de maneira que empolga muito o espectador.

É desenvolvido em paralelo a agencia que está investigando as anomalias em Westview, a S.W.O.R.D, que vem para "substituir" a S.H.I.E.L.D. Lá são apresentados e reapresentados outros personagens como Tyler Hayward, Darcy Lewis, Jimmy Woo, e a mais importante delas que havia aparecido em Capitã Marvel, a Monica Rambeau. Toda essa parte que corre em paralelo é bem interessante, e mostra os medos da sociedade e como ela está tentando se reconstruir depois do estalo do Hulk.

Óbvio que depois de tanto tempo sem uma continuidade no MCU, os fãs ficaram ávidos em suas especulações, por vezes até esperando algo dos X-Men, do Quarteto Fantástico, do Mephisto, ou do Dr. Estranho dentro da série. Uma coisa é realmente de se analisar; como foi dito, os primeiros episódios da série criam uma atmosfera de mistério muito grande que se arrasta por muitos episódios. Nesse ponto a série não consegue entregar uma desfecho tão grandioso quanto o próprio mistério criado. Poderiam haver menos episódios e as coisas caminharem mais rápido.

Mas o maior mérito da história na verdade é a mensagem que ela quer passar, o espectador viaja pelos mais intrínsecos traumas e medos de Wanda, dando uma profundidade que até então a personagem não tinha. O luto que a heroína vive é explorado de maneira muito inteligente, potencializado por diálogos simplesmente brilhantes entre ela e Visão. Visão na verdade é um dos pontos mais fortes da série, tendo em vista ainda em sua batalha final, contra um outro ser cibernético tão inteligente quanto ele, que para resolução do conflito, eles simplesmente conversam o motivo de estarem confrontando, numa das analogias mais bem construídas na série.

WandaVision é muito mais uma história de origem sobre a Feiticeira Escarlate que qualquer outra coisa, trazendo uma carga forte para explicar os primórdios de seus poderes, o tempo que passou na Hidra, com0 uma vilã que também tem total afinidade com a magia e poderes de Wanda.

A parte mais técnica de efeito visual está muito além do que se acostuma ver em outras séries de TV. Realmente fica próximo do que já se havia sido acostumado de se ver nos filmes do MCU. Claro que uma explosão aqui e outra ali às vezes, se visto com mais atenção, tenha faltado um pouco mais de lápides, porém mantém a média muito alta para o streaming.

Entretanto o a série não foca na ação, a preocupação real é trazer peso dramático aos personagens desde de Monica até a Maximoff. É possível sentir muito das HQs Visão de Tom King e Dinastia M de Brian Michael Bendis, as quais também trabalham em peso a parte psicológica e dramática dos personagens. 

Fica possível evidenciar porém que existi uma leve dificuldade em encerrar os episódios. A série parece muito um filme realmente, e a sensação é como se o filme fosse pausado no fim de um episódio para o outro, sem nenhum critério de onde dividir os episódios com eficiência. 

WandaVision traz uma uma história ímpar se desvinculando de tudo que já foi feito no MCU. Apesar de lento, e um desfecho que pode parecer aquém do esperado para alguns fãs, a série traz um discurso universal sobre o luto, e aprofunda muito Wanda como Feiticeira Escarlate e Visão, que apesar de robô, dialoga com a humanidade de maneira primordial. 

Repleta de mistério e com foco em sua mensagem, WandaVision é inédito em tudo já feito no MCU

A Netflix estreou no dia 7 de maio desde ano (2021) a primeira temporada de O Legado de Júpiter, adaptação da HQ de mesmo nome escrito por Mark Millar (Reino do Amanhã, Guerra Civil). A série segue no gênero de super-heróis com uma abordagem mais adulta no viés de desconstrução do símbolo do herói perfeito, bem como faz The Boys e Invincible (ambos da Amazon).  

O Legado de Júpiter | Trailer oficial | Netflix

A primeira temporada possui oito episódios que contam o momento em que uma nova geração de super-heróis começa a entrar em conflito ideológico com os heróis já estabelecidos e conceituados por aquele universo, representados principalmente pelo Utópico e Lady Liberdade.

O plot da série, e esse conflito de discursos que é iniciado, são os pontos mais altos; enquanto Utópico tenta manter um código de não matar seus inimigos e nem intervir nas decisões políticas dos países, as novas gerações já pensam o contrário. O problema é que nada disso é essencialmente desenvolvido, e as bandeiras de cada um dos lados não tomam corpo ao decorrer dos episódios que são extremamente lentos e arrastados. 

Para se ter ideia, o arco de história nas HQs tem por completo dois livros, a série adapta cerca de metade do primeira, quiçá nem mesmo isso.

Isso se deve também ao excesso de flashbacks (ala Arrow) que mostram a maneira como os protagonistas conquistaram seus poderes, que é tedioso e trava todo o desenrolar da série. Nesse aspecto, a filha de Utópico, Chloe que é muito bem interpretada por Leslie Bibb, acaba também contribui para a lentidão de 'O Legado de Júpiter', pois, na tentativa de dar mais profundida aos dilemas da personagem, seu tempo de tela é vazio, na maior parte clichê e irrelevantes para a trama. Não bastante, Brandon, também filho de Utópico, além de ter um desenvolvimento pobre, não possui carisma e dificilmente terá a simpatia do público.

Outro ponto que deixa muito a desejar é nível de CGI e a coreografia das lutas, chega a ser covardia comparar com séries contemporâneas como The Boys e Falcão e Soldado Invernal. É muito fraco, a impressão que passa na realidade é a de que faltou recursos financeiros para fazer um cenário e efeitos visuais correspondentes com aquilo que se espera de uma série da Netflix. 

Salvo a ambientação dos flashbacks, a maioria dos cenários são pobre em detalhes, o combate não é nem um pouco convincente e até mesmo o voo dos heróis em alguns momentos apresenta estranhezas. A própria maquiagem dos protagonista por vezes é incomoda, o envelhecimento facial dos atores é pouco convincente mesmo sendo um ponto mais fácil de relevar. 

Os uniformes dos heróis são bem bonitos e possuem bastantes detalhes que até despertam a curiosidade, entretanto o visual do vilão fica na média, sem grandes considerações. 

'O Legado de Júpiter' falha em muitos aspectos em ser "A Série da Netflix de Super-Heróis" e, apesar de um ótimo plot, a ideia de Mark Millar que funciona tão bem nas HQs não consegue ser transportada para o streaming, resultando em oito episódios arrastados, sendo alguns deles sem função para a trama e com excessos de flashbacks que retardam ainda mais o avanço da construção narrativa.

O Legado de Júpiter - Primeira Temporada 

'O Legado de Júpiter' traz bons discursos, mas peca em sua narrativa lenta e arrastada  

Análise | O Legado de Júpiter - Primeira Temporada 

Poderíamos logo de cara dispensar apresentações para Dark (2017-2020). A série alemã desenvolvida pela Netflix e dirigido e escrito respectivamente por Baran bo Odar e Jantje Friese, criou um universo sólido em duas temporadas, provocando fortes expectativas para sua terceira e (muito provavelmente) última temporada. Mas será que essas expectativas foram supridas?

Dark – Temporada 3 | Trailer oficial | Netflix

Ao final da segunda temporada várias perguntas surgiram, e pontas ficaram soltas. As possibilidades criativas à partir dali eram inúmeras, e teorizar com exatidão o que estava por vir era quase que impossível. 

Uma Martha de um mundo paralelo foi apresentada pouco antes do “apocalipse”, e consigo uma nova Winden também. Não só isso, mas muitos outros conceitos do universo passam a serem inseridos, como realidades alternativas, explicado na série com a teoria do gato de Schrodinger. 

Sem sombra de dúvidas esses materiais científicos utilizados para justificar os acontecimentos de ‘Dark’ é o que mais surpreende, bem como a habilidade de se conseguir amarrar com precisão as pontas, até então soltas da série. Esses argumentos também levantam várias reflexões filosóficas sobre a existência, beirando o metafísico, assim como Tales From The Loop faz, porém com bem menos eficiência.

No desenrolar da trama, temos por fim o grande dilema, se é possível ou não quebrar o eterno ciclo temporal que ligam as quatro famílias (Kahnwald, Nielsen, Tiedemann e Doppler).

‘Dark’ desenvolve seus personagens principais e secundários de maneira muito eficiente. Apesar de já estarmos na terceira temporada, os protagonistas (que são muitos, visto que eles se repetem em linhas temporais e idades diferentes) recebem mais elementos para serem explorados, elevando a carga dramática e valorizando suas individualidades circunstanciais de tempo e espaço ao qual estão inseridos.

É criada uma dualidade entre Jonas e Martha, aveludada num dialogo filosófico de bem e mal, bom e ruim, que vai tomando corpo sutilmente. No meio disso está Claudia, que analisa essa contradição entre ambos, que ao mesmo tempo é um acordo, ao qual ela destrincha até encontrar uma verdade que seja o equilíbrio. 

Os personagens secundários ficam com a missão de tampar os buracos das árvores genealógicas. Essa é uma parte do roteiro que poderia complicar o andar da série caso fosse mal executada, o que felizmente não acontece. 

As reviravoltas são bem contundentes e impactantes. Na verdade quase todos os episódios conseguem esse feito de impactar e provocar de maneira positiva. A tensão só aumenta a cada minuto, e o ciclo (ou nó, como é chamado na série) espelha uma inevitável repetição dos acontecimentos na cidade de Winden. Isso promove uma agonia, que somados a narrativa lenta de ‘Dark’, desperta e prende ainda mais a atenção.

Diferente das outras duas temporadas, na terceira a série se preocupa um pouco mais em explicar o que está acontecendo; nos episódios sete e oito principalmente. Isso não a torna menos complexa, pelo contrário, sua atenção deve estar redobrada, pois o número de elementos científicos e personagens mais que dobram. E não cometa o erro de começar a terceira parte sem ter assistido novamente pelo menos o último episódio da secunda temporada.

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